
2008 foi um ano difícil na dramaturgia da Globo. As novelas da emissora não emplacavam, e a única que conseguiu um relativo sucesso, ainda que em sua reta final, foi "A Favorita", de João Emanuel Carneiro. A cada nova trama, a audiência recuava alguns pontos, e parecia que a situação só se complicava com o tempo. "Negócio da China", de Miguel Falabella, chegou a registrar míseros catorze pontos num sábado e teve sua duração drasticamente encurtada. Começou em outubro, terminou em março. "Três Irmãs", de Antonio Calmon, terminou no início de abril como a pior audiência do horário das sete. Também num sábado, a trama chegou a 16 pontos na média geral.
Agora, o meio de 2009 se aproxima e os telespectadores observam o ibope da Globo em franca recuperação. Aos poucos, "Caminho das Índias" começa a romper a barreira dos 40 pontos às nove da noite, enquanto "Paraíso", às seis, corre em torno de 25. "Caras & Bocas", há pouco tempo no ar, chega aos 30 pontos com facilidade, e em dias mais magros, bate os 26.
Quando considera-se a audiência de novelas como "Chocolate com Pimenta", "Da Cor do Pecado" ou "América" em seus horários originais, pode parecer que a Globo continua em crise. Mas não é bem assim. Hoje a rede enfrenta concorrência de outras mídias e outras emissoras, e nada mais é tão fácil como era antigamente. A Record não oferece risco imediato à liderança da Globo, mas captura uma fatia considerável do público com suas novelas e rouba alguns pontinhos que, antes, não lhe eram direcionados. É certo que, hoje, não dá mais para bater os 60 pontos que "América" conseguiu em seu último capítulo, ou os 40 que "Chocolate" e "Da Cor do Pecado" ganhavam com certa regularidade. É outra época, e não há como mudar isso.
Uma coisa, no entando, salta aos olhos: com investimento em tramas tradicionais, porém de alta qualidade, a Globo está se recuperando e resgatando uma parcela de seu público. Se há um horário que ainda pode ser considerado problemático, é o das nove, e ainda assim, o ibope de "Caminho das Índias" é considerado satisfatório. A necessidade, agora é manter esses índices ou aumentá-los, se possível.
Fica a prova de que o público quer apenas ver uma história com pé e cabeça. Tomara que isso pegue, e não só para a Globo.
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