
É demais. Hoje, pela enésima vez, o "Balanço Geral" de São Paulo falou sobre fantasmas, mas por mais incrível que isso possa parecer, o programa se superou em todos os sentidos.
A história de hoje foi de um fantasma que ronda o cemitério, limpa seu túmulo e traz flores para homenagear a si mesmo. Várias pessoas foram entrevistadas, entre funcionários do cemitério e amigos do falecido, e todos alegaram que as aparições são diárias, e que o espírito chegava até mesmo a conversar com as pessoas. Um dos tais amigos chegou a dizer que "morria de medo do fantasma e que saía correndo, sem saber onde se esconder".
A repórter, então, foi até a casa do falecido. Lá chegando, encontrou o homem, em carne e osso. De morto, garanto, ele nada tinha. E a reportagem confirmou isso. A verdade era que o "fantasma" apenas conservava um túmulo, sempre limpo e com flores. Nenhum familiar apareceu, e eu pergunto: qual é o mal ou mesmo o mistério de uma pessoa, sozinha, garantir para si um túmulo? Será mesmo que aquele senhor é o único a fazer isso? E o funcionário do cemitério ainda chegou a dizer que não havia ossos no túmulo, que alguém deveria tê-los levado. Ao fim da "reportagem", o homem reapareceu e disse que sim, ele estava vivo em carne e osso.
Resumindo, o telespectador foi enganado até o fim da reportagem, quando a repórter supostamente "descobriu" que o homem não estava morto. Será que não dá para mostrar uma outra reportagem? Por que cargas d´água sempre fantasmas ou extraterrestres? Quando não é fantasma, é cemitério. Semana passada foi uma busca por escorpiões na calada da noite, entre os túmulos. Qual é a função informativa disso tudo?
A verdade é que o "Balanço Geral" está simplesmente sem espaço na área de jornalismo. As notícias que realmente interessam só entram quando dadas de imediato, como num plantão. Tudo isso porque o "Hoje em Dia", exibido imediatamente antes, dedica sua hora final ao jornalismo, comandado de maneira organizada e com conexões com profissionais de todo o país. Fica impossível, portanto, o "Balanço" ser um programa de notícias, a não ser que elas sejam repetidas, e isso não interessa a ninguém. Parte-se então para o jornalismo investigativo, mas que na busca pela audiência, resume-se aos cemitérios de São Paulo e às naves que supostamente cortam o espaço e visitam a Terra vez por outra.
Segunda-feira, é possível que isso mude. A apresentação do programa sai das mãos de Geraldo Luís e cai nas de Wagner Montes, âncora do "Balanço" no Rio de Janeiro. Agora, ele passará a comandar para os dois estados, já que a Record tem outros planos para Geraldo Luís. Até julho, no máximo, ele estreia um novo programa nas tardes da emissora, possivelmente acompanhado de duas outras apresentadoras, e cujo nome provisório é "Geraldo".
O "Balanço Geral" precisa retomar um jornalismo de maior qualidade. Não dá para esquecer que a concorrência é com o veteraníssimo "Jornal Hoje", com décadas de tradição e do qual o telespectador é fiel. Enquanto continuar rondando os cemitérios atrás de fantasmas de carne e osso, fica difícil de fazer subir a tal da audiência.
Imagem: TV Record
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