Quando "Paraíso" entrou no ar, ninguém dava nada para a novela. As pessoas julgavam que um remake simplesmente não seria capaz de recuperar a audiência tenebrosa herdada de "Negócio da China", novela que, no sábado, chegou a atingir 14 pontos. Seria necessária uma mudança profunda, que trouxesse novamente o interesse do telespectador para o horário das seis, e muita gente condenou a atitude da Globo ao conceder à filha de Benedito Ruy Barbosa a chance de adaptar uma novela do pai.
Mas não contavam com a astúcia da teledramaturgia da Globo. O primeiro capítulo marcou 25 pontos de média, e se continuasse naquela faixa, já seria um aumento. Mas "Paraíso" foi além, e por várias vezes, atingiu médias superiores a 30 pontos, impressionante quando se via no horizonte um passado de audiência baixa e decadente. A novela trouxe de volta não apenas um público que muitos já julgavam perdido, mas também o interesse pelo trabalho de Benedito Ruy Barbosa. Com "Paraíso", a Globo percebeu que inovar é bom, mas nem sempre é necessário. Uma novela clássica e simples que surpreendeu e cativou milhões de pessoas.
Ontem, "Paraíso" foi embora deixando um gostinho de quero mais, e uma grande incerteza: será que "Cama de Gato", sua sucessora, dará conta de ampliar, ou mesmo de manter estes índices de audiência tão bons?
É impossível prever o futuro, mas uma coisa é certa: julgamentos antecipados jamais devem ser feitos. A novela que acabou ontem provou que, sim, é possível reconquistar o que poderia estar perdido para sempre. Uma lição.
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